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O persistente e a curiosa!

Alguém meteu conversa comigo na internet… Alguém desconhecido. Um rapaz desconhecido! Obviamente, eu ignorei. E, de imediato, pensei para comigo “isto é um desesperado à procura de mulheres, só pode…”. Confesso que, às vezes, sou generalista demais…
Na semana seguinte, ele voltou a meter conversa, eu voltei a ignorar! E repetiu-se. Repetiu-se várias vezes! Até ele se fartar.
Passaram-se uns meses e, nem sei bem porquê, lembrei-me de ir ver melhor (na internet) quem ele era. Eis que fui surpreendida quando vi que tínhamos em comum um grande amigo meu! Fui logo falar com o meu amigo, levando comigo mil perguntas! Trouxe respostas e, claro, muita curiosidade. Desta vez fui eu que liguei o computador e tentei meter conversa. Felizmente, não fui ignorada. Conversámos, mas nunca expliquei o porquê da minha mudança de atitude. As conversas tornaram-se frequentes… tornaram-se quase diárias! Até que a possibilidade de nos conhecermos começou a pairar no ar… coisa que eu queria adiar… e adiei… meses! Na verdade, tinha algum receio de conhecer um desconhecido com o qual já tinha partilhado assuntos mais pessoais. Não fazia grande sentido na minha cabeça… logo eu que sempre fui uma rapariga reservada. Estava a falar demais com alguém que nunca tinha visto mas com quem tinha tantas afinidades. Creio que ele, a cada dia, perdia mais um pouco das esperanças que tinha de me conhecer pessoalmente.
Numa noite de Verão, igual a tantas outras, fui a uma esplanada beber café com uma amiga minha. Entre a alegria contagiante desta amiga e a minha boa disposição, eis que surge o assunto “o tal rapaz”. Ela, na brincadeira, pergunta quando eu o iria conhecer. Mesmo antes de responder, o meu primeiro pensamento foi “esta noite é perfeita”. Enquanto ela esperava a minha resposta, tirei o telemóvel da mala, sorri-lhe com ar destemido e proferi duas palavras “é agora!”. Ela, não acreditando, assistiu à determinação com que enviei a mensagem! Sim, isso mesmo: eu decidi (assim de repente) que era altura de conhecer aquela pessoa! Sabia que ele morava na rua ao lado daquela esplanada. Mesmo sem nunca o ter visto, sabia isso e muito mais… Estranhamente, eu sabia tanto dele… e ele tanto de mim…
Qual não foi o meu espanto, quando o rapaz persistente, determinado e cheio de convicções, “estremeceu” ao ler a mensagem… Simplesmente (e pela primeira vez) notei-o inseguro, com um certo receio… receio de me decepcionar, de não ser a pessoa que eu imaginava por detrás do computador…
Nesse momento, fui inflexível… diria mesmo, fui má… De forma convicta, disse-lhe que aquela era a oportunidade: ou me conhecia ou jamais me conheceria… Ele decidiu-se e, muito reticente, apareceu… Envergonhado, como eu nunca o imaginei!
Quando o vi em direcção à nossa mesa, o meu coração disparou… confesso que me senti extremamente “assustada”! Porque estaria o meu coração a bater forte? Quis acreditar que era o “nervosismo” causado pelo desconhecido…
A minha amiga, essa ficou connosco até perceber que podia ir embora. Que eu não estava em perigo! Ai como é bom ter amigas destas…! Na verdade, ela até falou com ele, bem mais do que eu!
Eis que ficamos apenas os dois, naquela mesa, naquela esplanada… naquela noite quente e estrelada! Senti-me estranha… estava ali a falar pessoalmente com um desconhecido… Ele foi simpático… Levou-me até ao carro, despediu-se com dois beijinhos e o sorriso mais bonito que alguma vez vi!
Adormeci pensando naquela noite… Sentia-me uma adolescente imatura. Ao mesmo tempo, caía na realidade, e sabia que ele era apenas um (provável) amigo, como tantas outras pessoas que, de alguma forma, surgiram na minha vida.
No dia seguinte, ele disse que gostou de me conhecer… que gostava de ter a oportunidade de ser meu amigo, de voltar a beber café comigo… Fiquei hesitante... Contudo, voltamo-nos a ver passada uma semana… Seria a segunda vez que estava com ele… Mais nervosa do que na primeira, confesso…
Tomámos café, conversámos e, já na rua, despedimo-nos para ir embora. Mas… ainda era cedo… O que significava que poderíamos falar mais um pouco (não sei bem do quê, mas pronto). Decidimos dar uma voltinha ali perto... Foi então que os nossos olhares se cruzaram, as nossas mãos se tocaram…
O coração queria sair do meu peito, as “borboletas na barriga” eram tantas…! Eu sentia que não devia, que não podia estar a fazer aquilo! Afinal éramos dois desconhecidos, sem saber ao certo as intenções um do outro… E se, um de nós se apaixonasse e saísse magoado daquela “aventura” (ou o que lhe queiram chamar…)?
Sou uma rapariga ponderada... Faz parte da minha personalidade! Portanto, só poderia agir de forma ponderada! E não, não estava a fazê-lo! Estava a ir pelo lado emotivo, quando deveria ir pelo lado racional… Mas naquele instante, o meu mundo parou! Parou ou avançou demais, nem sei… Segui o meu coração sem pensar duas vezes! O primeiro beijo aconteceu… aconteceu ali, só testemunhado pela Lua cheia que parece que nos sorria! Foi mágico… Simplesmente, mágico! Apaixonei-me naquele segundo… Ou não… Para ser honesta, talvez me tenha apaixonado na primeira vez que vi aquele olhar… o olhar mais bonito do Mundo!
Depois dessa noite, voltámo-nos a encontrar frequentemente… escondidos da vista alheia… era cedo demais para assumirmos o sentimento que nos estava a unir. Sabíamos que, para a sociedade, não era correcto apaixonarmo-nos assim repentinamente. Mas, no coração ninguém manda! Sempre acreditei que o amor pode surgir quando menos esperamos! E, isso aconteceu-me!
Um mês depois, assumimos o nosso amor! (nem era possível, disfarçar mais… os nossos sorrisos e carinhos já nos denunciavam!) Assumimos que estávamos apaixonados e que queríamos partilhar a nossa paixão, a nossa alegria, os nossos sentimentos verdadeiros!
Já se passou um ano e meio, e hoje continuamos a partilhar amor, confiança e… já partilhamos a nossa casa, uma vida em comum!
Ele faz-me feliz! Muito feliz! Ele ama-me com as minhas qualidades e os meus defeitos! E eu amo-o mais a cada dia que passa! O meu coração diz-me que encontrei o amor da minha vida!
Ainda bem que ele é persistente… e eu curiosa!
:X