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Encontrei-te no encontro dele...
Encontrei-te no encontro dele...
Despedia-se subtilmente a Primavera. A noite já tinha escurecido o suficiente para deixar vislumbrar uma brilhante infinidade de estrelas iluminadas pela pureza do ar. O ar verdejante da montanha, da minha recatada aldeia.
Mais uma noite em casa, pensei. E a vida lá fora, cadente, a fugir de mim…
De repente, recebi um convite que, hesitante, aceitei. Apressadamente, preparei-me para acompanhá-lo. Vesti aquelas calças cor de fogo que, na verdade, contrastavam com a microscópica euforia que sentia. Afinal, ele é que ia ter um encontro. E eu iria, quem sabe, esperar.
Partimos... Chegamos. Um local acolhedor, pensei. E eis que o meu irmão percorre o bar para abraçá-la. Corri para, solitária, abraçar-me à máquina de jogos. Estoirei umas bolas coloridas à velocidade da luz, perturbada pelo baixar do muro rumo ao GAME OVER.
E eis que, brotando das minhas costas, o som grave de umas palavras se tornou doce como uma inabalável esperança. “Chega de olhar para ela, meu! Joga!”
GAME OVER. Abandonei a cadeira ainda a meditar sobre o que havia escutado quando surge, projetada da livre mesa de bilhar, a primeira de muitas frases… “Ainda tens um crédito na máquina”… E o segundo de uma multidão perfeita de olhares. Sim, o segundo. A minha primeira pegada naquele amplo espaço tinha sido acompanhada de um olhar cruzado que gravara como belo, mas desvalorizara logo de seguida por concluir que aquele lindo rapaz envolto numa T-shirt azul-bebé era precisamente isso, lindo.
O coração contrariou a razão e, nessa mesma semana, regressei para, numa vontade secreta, revê-lo. E vi. Sorri. Sorrimos. Mais do que isso. Defrontei-o, cara a cara. Pulso contra pulso. Rapidez morrendo num barulho suavemente ensurdecedor de bola rígida a bater na pequena chapa retangular. Habilidade contra desabilidade… Divertido avisou-me: “Não vale jogar para trás!”
Finalmente, na terceira noite, a namorada do meu irmão apresentou-nos, a pedido do meu amor.
Jogamos matraquilhos. Celebramos as nossas primeiras vitórias juntos. Conversamos horas naquela fugaz noite do nosso eterno Verão. Iniciámos uma avassaladora e inesperada história de amor… Partilhada há uma década com espírito de São Valentim!