Matilde Berk Fotógrafa | O Nosso Casamento

Matilde Berk Fotógrafa

A nossa entrevistada desta semana é a fotógrafa Matilde Berk. Muitas vezes referida nos nossos fóruns como uma referência no setor, Matilde conta-nos um pouco do seu percurso…

Quando descobriu o gosto pela arte de fotografar?

No início dos anos 90 mudei-me para a cidade de Berkeley, nos EUA, onde me matriculei no curso de Design de Comunicação. Este curso tinha na sua composição as cadeiras de fotografia com aulas práticas de laboratório. Percebi nessa altura, que a fotografia era algo que me dava muito prazer fazer mas nunca passou de um hobby até 2005, altura em que, gradualmente, foi tomando conta de todas as horas do meu dia, acabando por se impor comoprofissão e levando-me a optar por ela. Foi uma passagem muito natural entre o que fazia como designer de interfaces web e o que passei a fazer. As ferramentas de trabalho eram comuns e o conhecimento que tinha das duas áreas foi, e continua a ser, muito útil.

Como profissional, fiquei a ganhar no que diz respeito ao aspeto humano e social, a fotografia de casamentos vive das relações entre as
pessoas e isso é algo que me agrada muito.

Sabemos que a paixão pela arte de fotografar casamentos é ainda jovem, pode contar-nos como tudo aconteceu?

Não me interessava minimamente pelo tema. A fotografia de casamentos foi sempre o patinho feio da fotografia: desinteressante sob os pontos de vista gráfico e visual, pouco inovadora e onde grande parte dos profissionais eram, e alguns ainda são, desprovidos de um apurado sentido estético e artístico. A paixão pela fotografia de casamento nasceu quando me apercebi que esta estava em grandes mudanças, e que caminhava a passos largos para a criação de produtos muito mais interessantes. Ao contrário do que acontecia há uns anos atrás, hoje o registo das memórias do dia de casamento  reconstrói a história desse dia através de imagens envoltas num grande romantismo, que entregam sentimentos e mensagens a quem as vê e que reflectem muito do gosto, da elegância e da criatividade de quem está por detrás desses registos.

Nos vários fóruns d’O Nosso Casamento lemos diversas referências ao seu nome, de que forma vê a sua ligação com o nosso portal?

“O Nosso Casamento” e todas as outras redes sociais, são hoje em dia ferramentas de trabalho imprescindíveis e que nenhum profissional nesta área pode ou deve ignorar. Pessoalmente, tenho um carinho muito especial por este portal e pela equipa que o suporta, pois foi neste portal que divulguei o meu primeiro casting para as sessões trash the dress.

Qual o segredo do seu sucesso?

Não tenho segredos. Procuro ser muito profissional, fazer o meu trabalho com o maior empenho, tratar cada cliente com o maior respeito e com toda a atenção que este me merece. Construir relações de proximidade e de confiança, afinal de contas esta é a única maneira de estar na fotografia de casamento: com o coração.

Ao longo do seu percurso profissional, qual a situação mais marcante associada à realização de casamentos?

Não existem situações mais ou menos marcantes. Existem histórias ligadas ao dia e às pessoas com as quais nos cruzamos. Por exemplo, no dia em que fizemos um casamento em Sintra, saímos a pé para fotografar com os noivos e, no percurso, cruzámo-nos com dois jovens. Apressei-me a julgá-los pela aparência e pelo formato das caixas que transportavam, pensando que fossem um grupo de hard rock ou metal, e até gracejei com os noivos a propósito deles. Na verdade, tivesse eu prestado mais atenção e teria percebido de imediato que as caixas, pelo seu formato, só poderiam conter violoncelos. Mais à frente, resolvi “meter” conversa com eles quando os encontramos sentados junto ao portão da Quinta da Regaleira.

Perguntei-lhes se não se importavam que os noivos se sentassem com
eles para uma fotografia – o contraste era delicioso! Acederam de sorriso largo nos lábios. Assim foi, eles e os noivos de um lado da estrada, eu e a minha colaboradora do outro. Depois da segunda ou terceira fotografia, eis que os nossos supostos músicos de rock nos surpreendem puxando dos seus violoncelos para tocar Canon in de Pachelbel!! Nem mais nem menos do que a música que a noiva tinha escolhido para ser tocada durante a sua entrada.

Chorou a noiva, o noivo estava visivelmente emocionado, do outro lado da rua chorávamos nós e por cima, no muro da Quinta da Regaleira, uma plateia de anónimos aplaudia o momento e desejava as maiores felicidades aos noivos. Foi sem dúvida o momento mais alto daquele dia e a história que sempre fará parte dos relatos das memórias de ambos.

Como caracterizaria o cliente português no setor dos casamentos?

Os clientes são hoje muito mais exigentes com a fotografia do dia do seu casamento.  De facto, depois de se apagar a última luz, as imagens recolhidas nesse dia, e a pessoa com quem casamos, são tudo o que nos resta dele. As fotografias são a materialização das nossas memórias. Acredito, ao contrário do que acontece na maioria das vezes, que os fotógrafos devem ser os primeiros profissionais a serem contratados na organização de um evento tão importante quanto o casamento e, mais ainda, se existem rubricas na organização e planeamento deste dia tão importante onde podemos e devemos cortar, por uma questão de orçamento, a fotografia é a rubrica onde mais se deve investir.

Existe alguma mensagem que gostasse de deixar aos seus colegas que
também se dedicam à área do casamento?

É importante que os profissionais ligados a esta área da fotografia valorizem o seu trabalho, a sua imagem pessoal e sobretudo a sua forma de estar junto dos seus clientes.

Quais as principais tendências no âmbito da fotografia de casamento?

A fotografia de casamento contemporânea é cada vez mais inspirada na fotografia de moda e nas revistas da área, entre muitas destacam-se a Vogue, Elle, Glamour, Cosmopolitan. O papel do fotógrafo é hoje, não só registar as memórias do dia de casamento, mas também fazê-lo de forma única onde os noivos são as celebridades do dia, mostradas de forma glamorosa, no seu melhor e sem grandes formalidades.

Esta forma de representar o dia do casamento requer muito talento artístico por parte de quem regista estas memórias. Requer um equilíbrio constante entre o belo e o genuíno. Por outro lado, é fundamental que o fotógrafo tenha, hoje em dia, um grande conhecimento das técnicas de processamento digital, o que lhe possibilita a produção de imagens únicas, já que metade da imagem é produzida na câmara e a outra metade através de técnicas de manipulação e processamento digital de imagem.

Como caracteriza o seu estilo de fotografia?

É descrito pelos meus clientes como sendo um estilo moderno, glamoroso, genuíno, mas sobretudo feliz!

Ficha Técnica: 
Binary Data
Introdução da reportagem: 

A nossa entrevistada desta semana é a fotógrafa Matilde Berk. Muitas vezes referida nos nossos fóruns como uma referência no setor, Matilde conta-nos um pouco do seu percurso…